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domingo, 30 de outubro de 2011





O ritual de ALMAS E ANGOLA era praticado na Tenda Espírita Fé Esperança e Caridade de Luiz D'Angelo tendo como particularidade, daí a sua distinção da UMBANDA, as obrigações de camarinha. Nessas obrigações os médiuns eram graduados, começando pelo Batismo, passando pelo "Obori" ou obrigação de Anjo da Guarda, posteriormente pela obrigação de Pai ou Mãe Pequena e finalizando com a obrigação de Babalâo (homem)  ou Babá (mulher). As obrigações de SETE, QUATORZE e VINTE E UM anos reforçam a obrigação de Babalâo ou Babá e fazem parte da atual fase do ritual já em Sta Catarina.
     Santa Catarina conhece o ritual de ALMAS E ANGOLA após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), quando Mãe Ida viaja com seu esposo para o Rio de Janeiro, a pedido de suas entidades espirituais, para buscar novas orientações  no que se referia ao culto aos Orixás. Na época, Mãe Ida já tinha um terreiro de umbanda desenvolvendo muitos filhos de santo. A necessidade de  fortalecer seus filhos  com obrigações mais "fortes"  (conta Mãe Ida) a fez  buscar novos recursos dentro da cultura afro.
     Foi no Rio de Janeiro, na Tenda de ALMAS E ANGOLA do BABALÂO LUIZ D'ANGELO, que Mãe Ida realiza, em janeiro de 1949, sua primeira obrigação no novo ritual. Na época com 29 anos, Mãe Ida se consagra como a primeira pessoa em Santa Catarina a entrar para o ritual de ALMAS E ANGOLA.
     De 1949 até 1951, Mãe Ida faz algumas  viagens ao Rio de Janeiro com o objetivo de conhecer  o ritual mais diretamente, pois afinal já era de seu interesse  converter seu terreiro  até então praticante de UMBANDA para  o ritual de ALMAS E ANGOLA.
     Após um período necessário de adaptação, em 1951, Luiz D'Angelo vem à Florianópolis e oficialmente "abre" a TENDA ESPIRITA SÃO GERÕNIMO  no Bairro dos Saco dos Limões, primeira Tenda de ALMAS E ANGOLA  fundada em Sta  Catarina.


 No Rio de Janeiro até 1940, era comum encontrarmos inúmeros termos para identificar os diversos rituais afro-brasileiros praticados na época. Segundo pesquisas, existiam no Rio os termos: Umbanda de Mesa, Umbanda de Almas, Almas e Angola, Umbanda de Angola entre outros. Todos praticantes da doutrina Umbandista somados a rituais afro oriundos da cultura negra no país. A Angola, fortemente representada no Rio de Janeiro, trazida pelos escravos Bantus, influenciou os rituais existentes na época, pois afinal a mesma influência acontece no nordeste/Bahia com os escravos Sudaneses.
     ALMAS E ANGOLA ,segundo Guilhermina Barcelos (Mãe Ida) teve forte influência da ANGOLA praticada pelos terreiros no Rio de Janeiro. Luiz D'Angelo, segundo conta , tinha um irmão de santo angolano, que muito o influenciou, principalmente no tocante a feituras de santo (Orixás).
     ALMAS E ANGOLA, mescla as culturas dos Orixás africanos com o culto aos ancestrais (espíritos de mortos). O termo ALMAS está fortemente representado pelos espíritos dos negros ancestrais africanos, que aqui deportaram trazidos pelo tráfico negreiro, e que hoje se manifestam como mentores, guias, os chamados pretos velhos. São também representados nos terreiros de ALMAS E ANGOLA os ancestrais de índios brasileiros, os chamados caboclos, que "curimbam" nos terreiros e fazem sua caridade nos passes e consultas. O interessante no ritual é o fato de  conviverem harmonicamente entidades ou falanges de diferentes origens, ou seja, pretos-velhos e caboclos trabalham conjuntamente nos terreiros, apesar de na maioria das vezes serem envocados (chamados)  em sessões distintas.
     "No Rio de Janeiro o ritual de ALMAS E ANGOLA era praticado obedecendo alguns pontos importantes", comenta Orlando Linhares (Pai Orlando). As sessões eram realizadas segundas, quartas e sextas.  "Em ALMAS E ANGOLA, todos os trabalhos devem iniciar na Segunda-Feira, em respeitos as ALMAS" afirma mais uma vez Orlando Linhares (Pai Orlando).


Atualmente, na Grande Florianópolis, Obaluaê continua tendo um lugar de destaque nos altares de terreiros que praticam o ritual de ALMAS E ANGOLA.  Além de também ter um lugar de destaque na Casa das Almas.
     O termo Almas, chefiada por Obaluaê, representa os chamados Orixás Menores (são aquelas entidades espirituais que fazem a mediação entre o ser humano e o Orixá Maior).

     O termo ANGOLA, está diretamente ligado aos Orixás Maiores, também cultuados no ritual, que segundo Evaldo linhares (Pai Evaldo) e Guilhermina Barcelos (Mãe Ida), representam as forças da natureza, e que nas sessões de camarinha envolvem o médium de força intensa. Em sessões outras, fora da camarinha os orixás envocados e que incorporam nos médiuns, são representações dos próprios orixás, ou seja, são os chamados  "Eguns dos Orixás"  ou  "Orixás Menores" .



Almas e Angola não é UMBANDA e nem tão pouco CANDOMBLÉ, pois afinal segue rituais próprios e doutrina específica. Por muitos seguidores é uma nação, porém não deve ser desvinculada da prática original, onde envolve culturas afro e ameríndias, voltadas para a caridade e o auxílio ao próximo.


http://www.cobraverde.br30.com/
FONTE BIBLIOGRAFICA